domingo, 17 de abril de 2011

Doutores em Educação falam da história da EJA no Brasil

Jaqueline Ventura e Osmar Fávero na terceira conferência do projeto

Diante de uma plateia com cerca de 200 professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Jaqueline Ventura, doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), explicou a história da EJA no Brasil e suas particularidades quando comparada a de outros países. Segundo Jaqueline, a função da EJA, no caso brasileiro, é reparadora. “Reparar o direito negado”, disse ao se referir ao direito à educação. Jaqueline e Osmar Fávero, doutor em Filosofia de Educação pela PUC-SP, participaram da terceira aula, realizada ontem, cujo tema foi “Educação de jovens e adultos como educação de trabalhadores”.
No Brasil, a EJA não se destina apenas a alfabetização de adultos, mas também a educação básica para pessoas acima de 15 anos. As condições sócio-econômicas do país contribuem para que crianças e adolescentes não tenham acesso à educação básica ainda na idade regular, e alguns só retomam os estudos quando adultos.
Jaqueline falou que a história da EJA é a história da alfabetização, educação e formação da classe trabalhadora. A doutora disse que muitos professores da EJA não reconhecem seus alunos como trabalhadores por não saberem o significado do conceito trabalho. “A própria ideia de que trabalho está ligado ao mercado de trabalho e se o adolescente não está inserido no mercado de trabalho, a pessoa não vê como classe trabalhadora. Está muito ligado ao próprio conceito de trabalho ser reduzido ao mercado”, completou Jaqueline, que também já foi professora da EJA.
Além da história da EJA foi abordada também a história do material pedagógico da EJA. Ao analisar a estruturação da Coleção Cadernos da EJA produzida pela Fundação Unitrabalho, em 2007, Fávero disse que o eixo gerador desse material pedagógico é o próprio trabalho e pontuou alguns temas abordados pela coleção, como: cultura e trabalho; emprego e trabalho; Economia Solidária.
Lucilene troca sua carteira por um lenço de Wanderleia
Para exemplificar uma das formas de manifestação da Economia Solidária, foi feita, durante o intervalo, uma feira de trocas. Os professores trouxeram objetos que não eram mais uteis para eles e trocaram por outros. Foram trocados cordões, sombrinha, carteiras etc. Jorselia Ferreira, professora da EJA em Niterói, disse o que achou ao participar pela primeira vez de uma feira de trocas: “É legal por que uma pessoa valoriza um objeto que não era mais valorizado por outra pessoa”.
















quarta-feira, 6 de abril de 2011

Coordenadores do projeto ministram aula sobre os princípios da Economia Solidária


Ao fundo: Lia Tiriba e Sérgio Castilho na conferência
Depois da primeira conferência sobre a articulação da Economia Solidária e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), chegou a vez dos alunos saberem sobre os princípios da Economia Solidária e quais são as suas manifestações. Para introduzir essas questões, os professores coordenadores do projeto Sérgio Castilho e Lia Tiriba ministraram a aula neste último sábado (2). A conferência foi realizada no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF.

Castilho introduzindo os princípios da Economia Solidária


Tiriba e Castilho falaram dos desafios da EJA e a Economia Solidária em desvelar o mundo do trabalho existente em sala de aula; reconhecer as iniciativas econômicas associativas (iniciativas entre amigos, familiares e sociedade); e apresentar o mundo da economia solidária como parte integrante de um projeto societário que se contraponha ao sistema capitalista.


Tiriba e ao fundo  imagem do quadro "Operário" da modernista

Com a imagem do quadro “Operário” da Tarsila do Amaral, Tiriba disse que a arte da artista modernista é atual por retratar os operários das fábricas e relaciona as faces a dos trabalhadores que frequentam as salas de EJA. Para Tiriba, a escola tem o papel fundamental de atuar na formação dos trabalhadores e disseminar os princípios da Economia Solidária “transformar os saberes do trabalho assalariado em saberes produtivos para o trabalho associado” – disse.


Mulheres da Oficina do Pão: Maria da Penha, Gisele de Paula, Maria José e Terezinha Araújo
A Economia Solidária se fez presente na prática durante o intervalo com a participação do grupo produtivo Oficina do Pão. Formado por quatro mulheres, o grupo de Duque de Caxias produz e comercializa, há 12 anos, pães e salgados baseado na autogestão.
Após a conferência, os alunos participaram de uma dinâmica de grupo, na qual uma das atividades era responder a seguinte pergunta: O que tem de educativo na Economia Solidária? Uma das questões abordadas pelos grupos é que a Economia Solidária é educativa por despertar nas pessoas o sentimento de solidariedade e por minimizar o individualismo.