domingo, 29 de maio de 2011

O cenário das fábricas recuperadas

Professor da Unesp, Henrique Novaes fala sobre as fábricas recuperadas pelos empregados
Empresa capitalista faliu e o dono abandonou a fábrica. O que aconteceu com os funcionários? Eles perderam o emprego? Não. Diante dessa situação, os empregados se juntam e recuperam a fábrica, evitando o desemprego. Esse é um dos cenários  recorrente no Brasil e em outros países quando uma fábrica falida é abandonada pelo proprietário. Henrique Novaes, doutor em política científica e tecnológica, ministrou a sexta aula do curso e disse sobre a experiência dele em fábricas recuperadas na Argentina e no Brasil.
Na Economia Solidária, a empresa se torna cooperativa e os empregados cooperados. Quando os funcionários recuperam a fábrica, há uma nova forma de gerir a empresa: pela autogestão. Todos os cooperados passam a ser donos e ter direitos de tomar decisões sobre a fábrica. "As fábricas recuperadas surgem quando os trabalhadores contestam o meio de produção", disse Novaes.
O professor citou duas fábricas recuperadas, consideradas por ele, bons exemplos de autogestão. Uma na Argentina, onde os trabalhadores que participaram dos movimentos de ocupação retornaram ao chão da fábrica; e outra no sul do Brasil, onde trabalhadores que estudaram até a 5ª série produzem navios e comportas.
Novos saberes são produzidos quando uma empresa se torna autogestionária. O conhecimento não é hierarquizado, pois todos os cooperados passam por todos os cargos da fábrica. Um novo sentido de trabalho, segundo Novaes, é criado nas fábricas recuperadas: “Um reeducação interna que rima com desalienação do trabalho”.
Para Novaes, é importante que as cooperativas do país troquem conhecimentos entre elas para que a Economia Solidária se fortaleça e não acabe mantendo práticas do capitalismo. O professor ainda destacou a independência dos cooperados em relação aos capitalistas: “Os trabalhadores na Economia Solidária não precisam dos capitalistas para sobreviver. Mas, os capitalistas precisam dos trabalhadores para sobreviver”.
Os cooperados das fábricas recuperadas ainda precisam alcançar um limite histórico, que para Novaes ainda não foi alcançado: o controle total da cadeia produtiva. Mesmo assim, as cooperativas, segundo o professor, são exemplos a serem seguidos por produzirem conhecimentos: “A divisão de cotas é um dos diversos aprendizados que se dá nas cooperativas”.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Doutora em Ciências Humanas explica o conceito de trabalho

Professora Lia Tiriba, à esquerda, e professora Sonia Rummert durante a conferência sobre "Educação para que trabalho"



 
“O erro é pensar que trabalho é sinônimo de emprego”. Essa frase foi dita pela professora Sonia Rummert, no último sábado (14), durante a quinta conferência. Rummert, que é doutora em Ciências Humanas pela PUC-Rio, foi quem culminou com a expressão “educação de jovens e adultos trabalhadores”, que é comumente usada, hoje, no âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Baseada no tema da conferência: “Educação para que trabalho?”, Rummert destaca a importância de saber o significado do conceito de trabalho.

Diante de uma classe formada por jovens e adultos, os professores da EJA tendem a não reconhecer os alunos que não estão inseridos no mercado de trabalho formal ou informal como trabalhadores. Rummert explica que isso ocorre porque os docentes não levam em conta o conceito de trabalho na perspectiva ontológica: “O trabalho é a forma como o homem produz sua existência. Por isso, a dona de casa é sim uma trabalhadora, uma vez que ela produz sua existência e mantém a relação familiar”, destacou.

Professora da EJA há dois anos, Maíra do Vale já deixou de reconhecer alguns alunos como trabalhadores por não levar em conta o conceito de trabalho na perspectiva ontológica. “Eu mesmo já cometi o erro de falar que uma turma tinha muito aluno que não trabalhava e esqueci de que eles podiam não estar trabalhando, mas eram filhos da classe trabalhadora. Nós professores, às vezes, nos esquecemos de considerar isso”, disse. Para Maíra, até mesmo os próprios alunos que não estão inseridos no mercado de trabalho não se reconhecem como trabalhadores. “O Aluno que ajuda a família não se considera trabalhador, mas ele é trabalhador, porque está atuando no processo de produção da vida dele e dos seus parentes”.

A EJA, no Brasil e em outros países da América e da Europa, é destinada à educação da classe trabalhadora. Não há EJA, completa Rummert, voltada para filhos da classe média ou classe média alta, “porque esses frequentam a escola na idade correta, prevista para cada série”, explica.

Usando o conceito de Antonio Gramsci de que a educação da classe trabalhadora segue o trem que tem uma estação marcada para parar, Rummert fala que a EJA, às vezes, educa o trabalhador já delimitando até aonde ele pode chegar, favorecendo para que o trabalhador continue dependente do sistema capitalista: “O trabalho no capitalismo é ancorado na heteronomia, cria uma falsa emancipação”. Os professores têm um papel fundamental, para Rummert, de ajudar os alunos na emancipação humana, que busca a autonomia, diferente do que é defendido pelo capitalismo.

Atividades a serem desenvolvidas para a obtenção do certificado

Ministério da Educação – MEC
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD
Universidade Federal Fluminense - UFF
Incubadora de Empreendimentos em Economia Solidária – IEES/UFF
Projeto: Ações de Apoio à Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores em Articulação com a Economia Solidária
Coordenação Geral: Prof. Dr. Sérgio Castilho (Depto. de Sociologia/UFF)
Coordenação de pesquisa e material pedagógico: Profª.Drª. Bárbara França/
 Prof.ª Dr.ª Lia Tiriba e Mª. Érica Barbosa


                                  Curso de Extensão
 Ações de apoio à Educação de Jovens e Adultos trabalhadores em articulação com a Economia Solidária

O curso permite que o(a)s aluno(a)s optem por receber um dos dois certificados de Curso de Extensão : I) em Educação de Jovens e Adultos e m articulação com a Economia Solidária – sessenta (60) horas ; II)  em Educação de Jovens e Adultos em articulação com a  Economia Solidária – cento e vinte (120) horas

 I – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARTICULAÇÃO COM A ECONOMIA SOLIDARIA – 
                                                           SESSENTA (60) HORAS

1) Exigência da freqüência mínima de 75% de presença (três faltas) ;
e
2) Um Trabalho de Conclusão de Curso. O  (TCC) deverá ser entregue até a data limite de 21/10/2011 (entre 14 :00 e 17 :30) na Coordenação Geral, impresso.Poderá ser realizado em grupos de até três pessoas. O TCC deverá ainda : a) ter entre 15 e 25 páginas, no formato Times New Roman, espaço um e meio (1/2), seguindo as regras da ABNT. O TCC deverá ser uma resenha crítica do curso com sugestões para o material pedagógico e de como implantar em sala de aula o que foi passado durante os 06 meses do projeto.

OBS : O(a)s aluno(a)s que completarem essas atividades receberão um Certificado de Conclusão de Curso de Extensão em Educação de Jovens e Adultos em articulação com a  Economia Solidária (60hs).


II – EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARTICULAÇÃO COM A  ECONOMIA SOLIDARIA – 
CENTO E VINTE (120) HORAS 

A) OBRIGATÓRIOS (100 horas) :
1) Exigência da freqüência mínima de 75% de presença (três faltas) ;
e
2) O Trabalho de Conclusão de Curso. O (TCC) deverá ser entregue até 21/10/2011 (entre 14 :00 e 18 :00) , e poderá ser realizado em grupos de até três (3) pessoas. O TCC deverá  : a) ter entre 15 e 25 páginas, no formato Times New Roman, espaço um e meio (1/2), seguindo as regras da ABNT.  O TCC deverá ser uma resenha crítica do curso com sugestões para o material pedagógico e de como implantar em sala de aula o que foi passado durante os 06 meses do projeto;
e
3) Produção de três (3) atividades pedagógicas tendo em conta os roteiros que estão em anexo (Anexo1). Valerão no total  20 horas.
e
4) Identificar manifestações da economia solidária e  outras iniciativas econômicas associativas nas  comunidades onde trabalham e onde moram. Total de 20 horas, entregues até 20 de agosto.

B) OPCIONAIS ATÉ COMPLETAR MAIS  VINTE (20) HORAS :

 5) Dois relatórios relativos às Oficinas da segunda parte do curso. Cada relatório individual, valerá cinco (05) horas, perfazendo um total de dez (10) horas. Esses relatórios deverão ter entre três e cinco páginas, seguindo as mesmas especificações técnicas do texto do TCC. As datas para a entrega desses relatórios são: 1ª: 20/08; 2ª: 03/09.
6) Fichamentos dos textos contidos no CD entregue aos alunos. Cada dois fichamentos valerão cinco(05) horas, podendo chegar até um total de dez (10) horas aulas.  Os fichamentos serão individuais e devem seguir as mesmas especificações do texto do TCC.As datas para a entrega desses relatórios são: 1ª: 20/08; 2ª:03/09.
OBS: O(a)s aluno(a)s que completarem as atividades de I  e completarem mais sessenta (60)receberão um Certificado de Conclusão de Curso de Extensão em Educação de Jovens e Adultos em articulação com a  Economia Solidária (120hs).




ANEXO 1-
Três (3) ATIVIDADES  (para o Material Pedagógico) que serão desenvolvidas pelo professor (aluno do Curso EJA ECOSOL) com seus alunos estudantes de EJA.
Atividades 1 e 2 deverão ser entregues até dia 11 de junho.
Atividade 3, deverá ser entregue até dia 9 de julho.

ATIVIDADE 1: Prosas e poesias

Sugerir que em pequenos grupos, os estudantes elejam um dos temas abaixo para redação de prosa ou poesia:

·       O trabalho nosso de cada dia.
·       A vida como ela é... a vida como poderia ser
·       Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?
·       E se a gente se juntasse para trabalhar? Como ia ser?
·       Outro mundo é possível?


ATIVIDADE 2: Trabalhando com jovens e adultos no plano das representações e conceitos.


1.   Solicitar aos estudantes de EJA que, individualmente,  redijam uma ou duas frases que complementem a seguinte idéia:
            Para mim, autogestão é.........
2.   Em seguida, os estudantes se reúnem em grupo para discutir o que escreveram.
3.   Cada um dos grupos, complementa a frase:
Para nós, autogestão é........
4.   Os grupos lêem em voz alta os resultados do trabalho / Comentários do professor.

ATIVIDADE 3: Produção de atividade para material pedagógico (componente curricular:..............)

Nas duas primeiras atividades: a). O professor recolhe os textos individuais e/ou em grupos (com a letra dos alunos), fotocópia e entrega para a coordenação do curso até o prazo previsto ; b) No material entregue deve conter o nome do professor, escola, município, turma e nome dos alunos;  c) Para desenvolver essa atividade, sugerimos que os professores consultem a bibliografia indicada pelo curso e/ou busquem outros referenciais; d) O desenvolvimento das três atividades valerá 20 horas-aula na carga horária total do curso.

ANEXO 2-
ROTEIRO DE ENTREVISTA  de EMPREENDIMENTOS E OUTRAS ATIVIDADES ASSOCIATIVAS

A) Identificação

1. Nome da iniciativa associativa e/ou empreendimento econômico coletivo:
2. O que fazem/produzem/realizam estas pessoas?
3. Responsável e cargo:
4. Endereço completo e telefone:
5. Nome do entrevistador:
6. Nome do entrevistado:
7. Data da entrevista:

( Atenção: escutar mais e falar menos. Descobrir o que não foi dito)

B) Histórico

1.   Como foi formada esta  atividade? Em que ano?
2.   Quem  propôs e porque?
3.   Havia conhecimento  anterior entre as pessoas? Afinidades  profissionais?  Alunos de uma mesma escola? Amizade?
4.   Quantos eram os fundadores?
5.   Escolaridade, idade, profissões anteriores dos fundadores
6.   Tinham participação em  algum movimentos social ? (Sindicato, Associação de Moradores, etc?)

C) Características da atividade
1.   Tipo de organização: (cooperativa legalizada ou não, grupo de produção, associação,  feira de produtores ou de trocas, empreendimento familiar, etc)
2.   Todos trabalham nesta atividade?
3.   Os instrumentos de trabalho e outros bens pertencem a todos, igualmente? Ou cada um tem o seu? (carro, máquina de costura,  objetos para o artesanato, etc).
4.   Tem diretores eleitos? Quantos são? Eles ganham? Eles trabalham na atividade?
5.   Realiza reuniões para decisões coletivas? Quando?
6.   Todos ganham a mesma coisa? Se não, por que a diferença das retiradas? Quem decidiu isso?
7.   As pessoas ganham salário?
8.   Qual a proposta deste grupo? Existe alguma proposta de modificação de vida e valores de vida?
9.   Outras observações e avaliação feita pelo entrevistador, sobre esta atividade.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO/ FORMAÇÃO EM ECONOMIA SOLIDÁRIA



Os processos educativos/formativos têm como princípio e, ao mesmo tempo como horizonte, os valores e práticas da Economia Solidária – economia esta que existe não apenas como projeto de novas relações econômicas e sociais, mas também como realidade construída e reconstruída, cotidianamente, pelos sujeitos que a constituem. Inspirados na cooperação e autogestão no trabalho e em todas as instâncias de produção da vida, o ponto de partida dos processos educativos/formativos é a ação solidária, compreendida como atividade humana que, contrapondo-se aos princípios da competição e do individualismo, orienta-se na horizontalidade das relações entre os seres humanos, independente de suas condições de gênero, etnia, religiosidade ou cor-de-pele.
A educação/formação em Economia Solidária tem em conta a solidariedade em sua dimensão ontológica (condição humana, constitutiva da vida social), bem como as diferentes concepções e práticas de solidariedade que se manifestam nos diversos espaços/tempos históricos e, inclusive, convivem num mesmo espaço físico/subjetivo. Sintonizando-se na potencialização de redes de colaboração solidária, as práticas pedagógicas propiciam a sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida, favorecendo a construção de “redes de proteção social”. Além disso, fortalecem a organização dos trabalhadores e trabalhadoras em torno de um projeto econômico-social que privilegia a valorização do trabalho (e não do capital). Para tal, ao mesmo tempo em que se substancia na denúncia da exploração do trabalho, na crítica à lógica excludente da economia capitalista e ao sistema opressor que fragmenta o ser humano (dividindo a sociedade entre “compradores e vendedores de força de trabalho”), os processos educativos inspirados na Economia Solidária anunciam uma nova sociabilidade, uma nova sociedade, uma nova forma de produção da vida.
A educação/formação em Economia Solidária implica na construção de novas relações entre as pessoas e, também, entre elas e a natureza (da qual os seres humanos são parte integrante). Estimulando processos de trabalho e práticas sócio-ambientais que respeitam e preservam a biodiversidade da flora e fauna, assim como dos demais elementos que compõem o meio ambiente, as práticas educativas buscam o reencontro dos seres humanos consigo mesmo, com o planeta e com o universo.
Como nos demais processos autogestionários de produção da vida, a educação/formação tem como perspectiva o trabalho-criação, no qual homens e mulheres têm o controle sobre todo o processo (produção, administração, beneficiamento, distribuição, troca e consumo ético/critico/consciente dos frutos do seu trabalho). Ao invés da acumulação privada da riqueza, a finalidade da atividade econômica é o próprio ser humano; neste sentido, como nos demais processos de trabalho que têm a Economia Solidária como musa inspiradora, os processos educativos fundamentam-se no exercício prático da democracia, contribuindo para que todas as pessoas envolvidas, reconhecidas como sujeitos de conhecimento, possam resgatar os sentidos do trabalho, construindo sua autonomia como atores econômicos, construtores de história e de cultura. Concebidos, também, como processo de trabalho, os processos educativos promovem a construção coletiva de conhecimentos e de novas práticas sociais, através da participação – entendida como princípio emancipador dos trabalhadores e trabalhadoras.
Ao resgatar valores e práticas que nos encaminham para o exercício de uma ética calcada numa solidariedade consciente, as práticas educativas/formativas que se espelham nos princípios da Economia Solidária, contribuem para a auto-estima do grupo de trabalhadoras e trabalhadores associados, estimulando o desenvolvimento de todas suas potencialidades como seres humanos. Defendendo o respeito à vida em todas as suas dimensões e incorporando a afetividade e a sensibilidade como elementos de formação humana, os processos educativos favorecem a redescoberta do sentido do fazer, o reencontro do prazer da criação. Neste horizonte, a música, a dança, o teatro, as artes plásticas e outras manifestações da cultura são considerados elementos constituintes das práticas educativas/formativas. Em especial, o resgate da cultura popular e a incorporação dos bens simbólicos e experiências concretamente vividas (mas não valorizadas pelo sistema capitalista), tornam-se também um importante desafio.
Respeitando as afinidades já existentes entre as pessoas, respeitando também o tempo de caminhada de cada grupo e de cada um dos trabalhadores e trabalhadoras da Economia Solidária, as ações pedagógicas percorrem caminhos que propiciam a reintegração dos saberes que o capitalismo fragmentou, articulando-os às práticas cotidianas de vida e trabalho, de maneira a favorecer o nexo entre ação/reflexão/ação. Indo além do ativismo e da mera “ação-militante”, cabe aos educadores buscar os meios para incorporação de referenciais teórico-metodológicos que ajudem na compreensão e transformação da realidade, estimulando a criação de novos conhecimentos que possam ressignificar valores e práticas sociais. Como forma de fortalecer as redes de colaboração solidária, ganham destaque especial os intercâmbios das práticas de Economia Solidária, inclusive, experiências de educação/formação.
Outro desafio da educação é criar um espírito investigativo coletivo, capaz de envolver todos os atores dos processos de formação, tanto para desvelamento do mundo como para busca de caminhos que favoreçam transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Por não existir neutralidade nas relações econômicas e sociais e tampouco nas práticas educativas, a educação deve ser concebida como um ato político a favor da emancipação humana, constituindo-se em um espaço de lutas, contradições e disputas. Por meio da ação dialógica problematizadora que garanta horizontalidade das relações sócio-educativas, a autoridade do educador é validada na própria pratica pedagógica libertadora. Para tal, é necessário o respeito à alteridade, ou seja, respeito ao outro em todas as suas diferenças (religiosas, étnicas, de gênero, ideológicas, sexuais, etc.).
O conjunto de ações político-pedagógicas pressupõe conteúdos e metodologias de trabalho cujos horizontes vêm ao encontro dos princípios da Economia Solidária. Considerados como momentos educativos, inclusive para os próprios trabalhadores-educadores, a avaliação e sistematização das experiências concretas dos trabalhadores e trabalhadoras acontecem de forma permanente, permitindo a (re)construção das práticas sociais e dos sentidos do trabalho. Em outras palavras, o próprio trabalho é concebido como instância e como princípio educativo, cujo horizonte é criação coletiva de uma nova cultura do trabalho, de novas relações econômico-sociais.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Professor fala sobre teoria e prática da Economia Solidária

Professor Farid Eid ministrando a 4ª aula do curso

Comércio justo, consumo ético e desenvolvimento local são assuntos que ainda não estão muito dominados pela população brasileira. O professor Farid Eid, professor da Universidade Federal do Pará, foi convidado para exemplificar quais são as alternativas para desenvolver pequenas cidades com a utilização da mão-de-obra local e valorização do que é produzido pelos próprios moradores. Para Farid, o processo de desenvolvimento local no país ainda é muito lento.

As políticas públicas no Brasil ainda estão concentradas para as grandes cidades, o que favorece para que regiões interiorizadas permaneçam em desvantagem. Segundo Farid, 80% dos municípios brasileiros têm menos de 50 mil habitantes. “Através disso dá para entender a importância de valorizar esses lugares para evitar o êxodo”, disse.
Sobre teoria e prática da Economia Solidária no Brasil, Farid disse que há ainda divergências entre os intelectuais que estudam esse sistema econômico. No país ainda não há, segundo o professor, uma teoria consolidada. “A teoria sobre Economia Solidária ainda está em construção, não podemos dizer que ela já está acabada. As experiências de Economia Solidária aqui no Brasil ainda são muito recentes”, alertou. Farid, que trabalha também assessorando incubadoras e cooperativas em todo o país, disse que o Nordeste e o Norte do Brasil são as regiões onde mais se encontram práticas de Economia Solidária. “Nos lugares onde o sistema capitalista não está enraizado é mais fácil desenvolver práticas de Economia Solidária”.

Farid ainda disse que no país não há muito a prática de comércio justo e consumo ético. Isso acontece, segundo o professor, devido à falta de conscientização da população da importância desse tipo de comercialização e também ao desinteresse do poder público em investir nesse hábito, que já é característico em alguns países europeus. Além disso, os produtos comercializados no comércio justo são mais caros.

Na sala de aula, os professores participaram de uma dinâmica na qual tiveram que dar sugestões para promover o desenvolvimento local nas comunidades onde lecionam. Foram sugeridas ideias como a criação de feiras dentro das escolas para os alunos venderem o que produzem e a valorização do comércio local.