Professor da Unesp, Henrique Novaes fala sobre as fábricas recuperadas pelos empregados |
Na Economia Solidária, a empresa se torna cooperativa e os empregados cooperados. Quando os funcionários recuperam a fábrica, há uma nova forma de gerir a empresa: pela autogestão. Todos os cooperados passam a ser donos e ter direitos de tomar decisões sobre a fábrica. "As fábricas recuperadas surgem quando os trabalhadores contestam o meio de produção", disse Novaes.
O professor citou duas fábricas recuperadas, consideradas por ele, bons exemplos de autogestão. Uma na Argentina, onde os trabalhadores que participaram dos movimentos de ocupação retornaram ao chão da fábrica; e outra no sul do Brasil, onde trabalhadores que estudaram até a 5ª série produzem navios e comportas.
Novos saberes são produzidos quando uma empresa se torna autogestionária. O conhecimento não é hierarquizado, pois todos os cooperados passam por todos os cargos da fábrica. Um novo sentido de trabalho, segundo Novaes, é criado nas fábricas recuperadas: “Um reeducação interna que rima com desalienação do trabalho”.
Para Novaes, é importante que as cooperativas do país troquem conhecimentos entre elas para que a Economia Solidária se fortaleça e não acabe mantendo práticas do capitalismo. O professor ainda destacou a independência dos cooperados em relação aos capitalistas: “Os trabalhadores na Economia Solidária não precisam dos capitalistas para sobreviver. Mas, os capitalistas precisam dos trabalhadores para sobreviver”.
Os cooperados das fábricas recuperadas ainda precisam alcançar um limite histórico, que para Novaes ainda não foi alcançado: o controle total da cadeia produtiva. Mesmo assim, as cooperativas, segundo o professor, são exemplos a serem seguidos por produzirem conhecimentos: “A divisão de cotas é um dos diversos aprendizados que se dá nas cooperativas”.
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